terça-feira, 14 de junho de 2011

VIOLÊNCIA DOMESTICA

Publicado em: Revista Extra, Jequié-BA, p. 26, 01 nov. 2010.

A violência domestica é entendida como a violência exercida no âmbito familiar, envolvendo pessoas com parentesco civil ou parentesco natural. Manifesta-se em varais formas de atos violentos direcionados geralmente a idosos, crianças e mulheres. Pode ser classificada em quatro categoriais:
 Violência física ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano, por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que pode causar lesões.
Violência sexual é toda a ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga outra à realização de práticas sexuais contra a vontade, por meio da força física, da influência psicológica, ou do uso de armas ou drogas.
Negligência é a omissão de responsabilidade, de um ou mais membros da família, em relação a outro, principalmente com aqueles que precisam de ajuda por questões de idade ou alguma condição específica.
Violência psicológica é toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa, por meio de ameaças, humilhações, chantagem, cobranças de comportamento, discriminação, exploração, crítica pelo desempenho sexual dentre outros. Esta categoria de violência é a mais difícil de ser identificada e pode causar ansiedade, fobias e outros distúrbios mentais.
Alguns estudos apontam que a violência domestica freqentemente está associada ao consumo de substâncias químicas, dentre elas ao cosumo de alcool. A relação entre consumo de álcool e condutas violentas constituem um problema social. Em relação a violência de gênero epecificamente sofrida por mulheres, dados mundiais indicam que ocorre em todos os países,  independente da classe social, idade, raça, tipo de cultura ou nível de desenvolvimento econômico do país.
A violência sofrida pelas mulheres tem se agravado tanto em termos de quantidade quanto de qualidade, ou seja, as vítimas têm sofrido agressões físicas cada vez mais severas, que ocasionam a morte ou graves seqüelas. Portando, como mecanismo para coibir tamanha violência foi criado a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha para prevenir, punir e erradicar toda e qualquer forma de violência contra a mulher.
Toda e qualquer vítima de violência necessita de um acompanhamento psicanalítico, pois ajudará na superação dos traumas sofridos, podendo restabelecer a auto-estima e um bom controle das emoções.

Leia Mais:

PAREDES, J. M. H; VENTURA, C. A. A.  Alcohol Consumption and Domestic Violence Against Women: a Study with University Students from Mexico. Rev. Latino-Am. Enfermagem 18(spe): 557-564, TAB. 2010 Jun.

RODRIGUES, D. T; NAKANO, A. M. S. Violência doméstica e abuso de drogas na gestação. Rev. bras. enferm. 60(1): 77-80, ND. 2007 Feb.

Falando Sobre Sexualidade

Publicado em: Revista Extra, Jequié-BA, p. 23 - 23, 06 abr. 2011.


De onde vêm os bebês?
Por que sangrar todo mês?
Quando será a primeira vez?
Como impedir a gravidez?
Por que não posso ver um filme-X?
Por que não posso ler a revista que eu quis?
Por que não posso ser um cara feliz?
Por que não posso ter aquela meretrix?
É verdade que cresce cabelo na mão?
É verdade que a doença pode vir num beijo?
É verdade que é bom reprimir o desejo?
É verdade que as mulheres gritam de paixão?

Música: Mistérios da sexualidade humana
Composição: Os Replicantes

A sexualidade como tema é considerada como um conhecimento transversal, ou seja, está presente em vários ambientes e situações, como na escola, em congressos, nos programas de TV, na internet, na família, em danças, nas músicas, em livros, enfim, ela está inscrita no dia a dia do ser humano.
Mas, o que entendemos por sexualidade? É possível estabelecer um conceito universal sobre sexualidade? Neste texto, a sexualidade é compreendida como as experiências vivenciadas, valores, regras, atitudes, representações simbólicas, prazeres e desejos construídos individual ou coletivamente e que perpassam pela identidade sexual do homem e da mulher.
A Sexualidade agrega algumas teorias dentre elas encontra-se a contribuição do renomado Psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) que ao realizar investigações sobre as causas das neuroses detectou que na grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, os dados recolhidos os levou a formalizar conceitos sobre a sexualidade infantil fundamentado resumidamente nas seguintes considerações: a) a função sexual existe desde o princípio de vida, logo após o nascimento e não só a partir da puberdade. b) o período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. 
A sexualidade para alguns pesquisadores (LOURO, 2000; PARKER, 2000) se manifesta também a partir do âmbito  social e político, e  não remete apenas a questão pessoal, ela é construída ao longo da vida a partir das interpelações do ambiente onde o indivíduo se encontra inserido. Dentro dessa perspectiva a sexualidade envolve linguagens, fantasiais, rituais, símbolos, códigos, representações, concepções... que abrangem processos culturais e plurais.
Do ponto de vista da dimensão social, político e cultural a sexualidade considerada  como algo natural do homem e da mulher é descartada, pois os indivíduos não vivem ou experimentam o corpo da mesma forma, pois esse corpo toma sentido  diverso  a partir do gênero que representa, da cultura que faz parte e das relações sócias estabelecidas.

LEIA MAIS:
LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. IN: LOURO, Guacira Lopes (Org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade: Autentica: Belo Horizonte, 2000.

Parker, Richard. Cultura, economia política e construção social da sexualidade. IN: LOURO, Guacira Lopes (Org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade: Autentica: Belo Horizonte, 2000.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Vol. 7, 1905.

Comportamento Infantil

Publicado em:  Revista Extra, Jequié-BA  p. 13, 20 mar. 2011.

Por que refletir sobre o comportamento infantil? Porque a criança desde a fase uterina até se constituir em um ser adulto no teatro da vida compõe uma trama fascinante, que passa pelo desenvolvimento embrionário, maturação físico-biológica, desenvolvimento das capacidades, habilidades, competências, formação moral e emocional. O resultado deste espetáculo é o desdobramento de uma personalidade humana, nova e única, pois o ser humano mesmo com tantas interações com grupos sociais ele não perde a sua unicidade.
Partindo desse pressuposto, podemos pensar que o comportamento da criança é influenciável? Sabemos que biologicamente os caracteres hereditários influenciam no desenvolvimento de algumas características do indivíduo, porém só isso não é o suficiente em termos de desenvolvimento comportamental. Na interação com o ambiente externo a criança apreende muito das situações vivenciadas nos espaços onde ela interage. Os genes colaboram com o crescimento e desenvolvimento dos elementos biológicos, ao passo que as experiências vivenciadas ao longo da caminhada da vida ajudam a modelar o comportamento do ser a partir dos significados e representações que o indivíduo de forma consciente ou inconscientemente estabelece com tais experiências.
O crescimento e desenvolvimento da criança é algo que deve ser considerado deste o momento da fertilização do óvulo, pois o feto no útero materno, mesmo este sendo constituído de elementos que fornecem proteção para o desenvolvimento do embrião, ele poderá ser afetado por exemplo, por uso de substâncias teratogênicas capazes de ultrapassar a placenta e alterar o desenvolvimento fetal. Mas, além de uso de substâncias a mãe submetida a momentos de stress ou perturbações emocionais na gestação pode transferir toda tensão para o feto.
Os bebês nascem com um tipo peculiar de temperamento, que é constituído por uma interação dos condicionantes biológicos e ambientais que produzirão padrões de comportamentos que dependerá da natureza individual de cada ser. Então, finalizo com alguns questionamentos: 1) A base familiar influencia no comportamento da criança? 2) Qual o papel dos país na formação do comportamento infantil? 3) Como deve ser o ambiente familiar para uma boa formação de comportamento, competências, habilidades, formação moral e emocional da criança? 
“...Saiba!
Todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão, também
Hitler, Bush e Saddam Hussein
Quem tem grana e quem não tem...
Saiba!
Todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
E também você e eu...” (Saiba: Arnaldo Antunes)

Saiba mais:

BRAZELTON, T. B et al. 3 a 6 anos- Momentos decisivos do desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Artmed, 2003.

JERUSALINSKY, A. N. Psicanalise infantil. Porto Alegre: Artes e ofícios, 1999.

ANALYSIS OF CONTENT OF ENVIRONMENT ON A THEME OF BIOLOGY TEXTBOOK OF HIGH SCHOOL - BRAZIL

INTE 2011: International Conference on New Horizons in Education

SILVA, Silvana do Nascimento
EL-HANI, Charbel
TRACANA, Rosa Branca
CARVALHO, Graça S.

Abstract: Considering the critical need for understanding about the environment in which there are interfaces between socially constructed knowledge, it is important to investigate how this topic is addressed by biology textbooks. We analyze the environmental theme in biology textbooks, written by Linhares and Gewandsznajder, which has better assessed by National Program for High School textbooks (PNLEM-2007). The methodology was inspired by the thematic content analysis is to identify the core meaning of a communication. We applied the analytical grid of unit records consist of titles, phrases and paragraphs that address environment, and that allowed the preparation of the six indicators of approaches: biological, environmental change, natural resources, control measures, socio-political and economic, technology and environment. Units of recording analyzed the predominant indicator of biological processes. It is necessary that the authors of the textbook with more intensity to contextualize the biological knowledge with knowledge related to environmental issues.
Keywords: Environment, textbooks, Content Analysis, Biology education.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cidadania Ambiental

Publicado em: Revista Bahia Acontece, Salvador-Bahia, 15 maio 2011http://revistabahia.com.br/2011/05/silvana-silva-cidadania-ambiental/

 Você leitor deve estar a se perguntar: Qual o enfoque deste texto? A abordagem é sobre política, saúde e/ou educação? Já sei! Vai apontar dados sobre a cultura local. Na verdade, o texto tenta chamar a sua atenção para questões sobre o meio ambiente, ou melhor, apenas ambiente, pois ele é a totalidade e não a metade, e a sua abordagem é completamente global e transversal, pois nele perpassam conhecimentos de várias áreas, tais como, a educação, a saúde, a política, a economia, a cultura, enfim, faz parte do ambiente os vários contextos sociais e naturais, que também estamos inseridos nele, ou seja, somos parte dele, além dos demais seres vivos.
Será que nos dedicamos a refletir sobre o ambiente no nosso dia a dia? O que entendemos por ambiente? Que tipo de ambiente as gerações futuras irão herdar?
Somos parte do ambiente e por isso interferimos muito na sua dinâmica, e infelizmente muitas vezes de uma forma totalmente negativa, em que a preocupação com os recursos naturais é geralmente colocada de lado, pois, as conseqüências das atividades humanas denotam, que, nós humanos, utilizamos tais recursos de forma acelerada, sem a devida preocupação com a dinâmica e o limite de tempo do ambiente.
Vamos refletir sobre o nosso contexto local, enfocando o Rio das Contas, tentando comparar o de décadas passadas com o que temos hoje, pois o rio que corta a cidade de Jequié não pode ser mais considerado como tal, e sim, um esgoto canalizado a céu aberto, onde resíduos domésticos são lançados diretamente em suas águas, e lixos fazem parte do seu cenário. As suas águas estão paradas e poucas espécies se fazem ali presentes.
O que pensar de uma cidade/cidadãos que não preserva de forma sustentável o seu bem natural? Hoje, falamos em cidadania ambiental devido a necessidade de enfatizar a dimensão ambiental nas relações sociais, e principalmente nas tomadas de decisões em que se requer ações que possam priorizar o contexto socioambiental.
Pensar e agir dentro da cidadania ambiental é rever atitudes e valores, não de forma isolada, ou apenas em nível de indivíduo, mas em ações coletivas locais e globais, em que, se almeja uma sociedade sustentável, menos opressora, excludente, consumista e desigual. É chamar para o diálogo os vários conhecimentos como a economia, política, cultura, direito, ciência e tecnologia, na busca de um repensar e um novo caminhar em direção a um contexto integrado sobre o ambiente.
Lembre-se de que o ambiente não é só a natureza, e sim uma interação ente os aspectos biológicos, físicos, químicos, cultural e social, em que ocorrem mudanças entre os organismos envolvidos.  O ambiente nesta visão é considerado como um local relacional onde a presença humana aparece como um agente que pertence à teia de relações da vida social, natural e cultural. O ser humano interage com essa teia, e é completamente dependente dela.
Vamos rever os nossos hábitos, atitudes, valores e ações para como o ambiente, desta forma evitaremos a transferência de responsabilidades e soluções milagrosas para as alterações ambientais, conforme é destacado na “Matança”, do compositor Jatobá:

“...Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar..”

O Ambiente no Contexto Educacional

Publicado em: Revista Cotoxó, Jequié-BA, p. 8 - 8, 01 maio 2011.

A questão ambiental mobiliza atualmente, além do cidadão comum, diversos setores da sociedade como empresas, indústrias, governo, ONGs, escolas, partidos políticos, imprensa e outras entidades.
Carvalho (2008) destaca que, na esfera educativa, se observa a formação de consenso da necessidade do enfoque da questão ambiental em todos os níveis de ensino, em caráter transversal e interdisciplinar, na tentativa de mobilizar saberes para a formação de atitudes e sensibilidades ambientais.
O trabalho pedagógico na área educacional torna-se de extrema importância para a compreensão das questões ambientais relacionadas não apenas com os fatores naturais – natureza –, mas também com as dimensões sociais e culturais que permeiam a interação do homem com o ambiente.
De forma geral, no trabalho pedagógico com o tema ambiente torna-se constante a socialização da visão naturalista, que reduz o ambiente à natureza, sem vínculos com os demais fatores que interagem com o meio. Trabalhar com o tema ambiente vai além da visão naturalista, é necessário o enfoque das relações dinâmicas que envolvem o âmbito social, cultural, econômico, político e ecológicas.
A ação educativa deve ser voltada para uma educação ambiental cidadã, com intervenção político-pedagógica direcionada para o estabelecimento de uma sociedade de direitos e ambientalmente justa.
O processo educativo tem um papel preponderante na compreensão da relação entre homem, ambiente, sociedade, cultura e tecnologia, promovendo discussões e embates sobre a prudência no uso dos recursos naturais na sociedade contemporânea.
Surge então a necessidade da formação do o sujeito ecológico, que é um ideal de ser que condensa a utopia de uma existência ecológica plena, que busca repensar os dilemas sociais, éticos e estéticos configurados pela crise socioambiental, apontando para a possibilidade de um modo de vida socialmente justo e sustentável.
Investir na formação de indivíduos críticos e ecológicos atuantes na sociedade contemporânea significa contribuir para uma postura ética e crítica à ordem social vigente. Portanto, se torna de fundamental importância que se reflita sobre como o processo de ensino deve ser planejado em busca de tal formação.
Torna-se relevante compreender quais são os valores, as atitudes e as crenças centrais que devem constituir o sujeito ecológico e como ele deverá operar em consonância com a orientação socioambiental, para expressar seu ponto de vista considerando as características individuais e coletivas nos contextos histórico, social e cultural. Sendo assim, a proposta educativa poderia ser pautada na formação de um sujeito capaz de ler seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas existentes.

SAIBA MAIS EM:
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.

Uso dos recursos naturais

Publicado em: Revista Cotoxó, Jequié-BA, p. 8 - 8, 01 abr. 2011.

Em uma sociedade dividida por classes sociais, a interação ou a utilização dos recursos naturais se processa de forma desigual; nela, poucos gozam dos benefícios do ambiente e muitos são privados destes. Surge a necessidade de uma compreensão e intervenção sobre esta situação. Vale salientar que compreensão, mudanças e intervenções devem ser entendidas não apenas sob o ponto de vista individual, mas também como um processo coletivo, pois as questões ambientais fazem parte das relações socioculturais no contexto local e global.
Percebe-se, ao longo da história, que a relação do homem com o meio ambiente tem sido considerada como predatória e catastrófica, por muito tempo a natureza foi vista como um recurso natural a ser dominado e explorado.
A natureza sempre foi vista como um bem a ser explorado, em que o desenvolvimento econômico era e continua a ser fundamentado no uso dos recursos naturais.  Assim, a natureza foi tomada segundo a utilidade para suprir as necessidades humanas.
Na visão de Loureiro (2002), nós humanos não dominamos a natureza, mas estamos em constante interação com os seus recursos, porém, por meio das relações de produção a sociedade desenvolve a chamada ação predatória causando danos ao planeta Terra.
A ação predatória contra o ambiente gerou a degradação ambiental. As conseqüências desta degradação também são originadas de um conjunto de variáveis interconectas derivadas do capitalismo/modernidade/industrialismo/urbanização/ tecnocracia (LOUREIRO, 2002).
 Carvalho (2008) salienta que o inicio da degradação da natureza se desenvolveu a partir da saída do campo para o meio urbano. Uma das causas sobre o processo migratório do campo para a cidade residia na idéia de que as pessoas criadas na cidade eram consideradas mais cultas que aquelas que viviam nos campos.  Em tal processo, foram-se evidenciando os efeitos das alterações sobre o ambiente, causadas principalmente pelo desenvolvimento industrial; com isso, foi-se destacando o fenômeno das “novas sensibilidades[1]” com o objetivo de valorizar as paisagens naturais, das plantas e dos animais.
No referido contexto, em que se idealizou a natureza como uma reserva de bem e beleza, isso propiciou a exploração dos recursos naturais e os danos causados ao ambiente
É relevante se levar em consideração que os atores sociais que estão envolvidos e interagindo com o ambiente são representantes de grupos sociais distintos, que possuem seus ideais e objetivações sobre o meio no qual se encontram inseridos.
Segundo Carvalho (2008, p. 105) “o ambiente enquanto espaço de relações entre sociedade e natureza, tende a ser arena de competição e administração de recursos, onde o ser humano reina como sujeito de uma razão instrumental, acreditando-se senhor de si mesmo e dos destinos do planeta”.
Na sociedade contemporânea, há uma mobilização para o cuidado com a natureza fundamentada na sensibilidade ecológica, que se baseia no interesse da sociedade e dos processos naturais. Evidencia a preocupação com os limites da natureza que servem como indicadores das decisões sociais, demonstrando posicionamento contra os benefícios imediatos e utilitaristas vigentes na sociedade capitalista de acúmulo de lucros e de consumo.
 Diante do que foi abordado, é importante perguntar como satisfazer às necessidades econômicas, políticas, tecnológicas, sociais e culturais sem provocar o total colapso do meio ambiente?
Penteado (2007) considera que existem três modos de pensar sobre a ação do homem no meio ambiente: (a) a lógica humanista, com interesse no atendimento das necessidades do ser humano; (b) a lógica capitalista, voltada para o acúmulo do lucro e (c) a lógica ambientalista, que considera o conjunto de elementos da natureza inter-relacionados, com especial destaque para a vida social.

SAIBA MAIS EM:
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Teoria social e questão ambiental: pressupostos para uma práxis crítica em educação ambiental.  In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo;  LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronildo Souza (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. São Paulo: Cortez, 2002.

PENTEADO, Heloisa Dupas. Meio Ambiente e formação de professores. São Paulo: Cortez, 2007.



[1] Fenômeno estudado por Thomas (1989) como um traço cultural ligado ao ambiente social inglês do século XVIII, que enfatizava a mudança no padrão de percepção do mundo natural (CARVALHO, 2008, p. 97).

As correntes Ambientalistas

Publicado em:  Revista Cotoxó, Jequié-BA, p. 08 - 08, 01 mar. 2011.

No campo ambiental, transitam algumas correntes ambientalistas que evidenciam diferentes formas de o homem perceber e entender o ambiente, as quais são denominadas como “culto ao silvestre”, “evangelho de ecoeficiência” e “ecologismo dos pobres”.
O culto ao silvestre fundamenta-se na defesa da natureza intocada, ou seja, no culto de amor às paisagens (bosques, florestas, rios...) sem relacioná-las aos interesses materiais, e sem se contrapor diretamente ao crescimento econômico, visto que “visa preservar e manter o que resta dos espaços da natureza original situado fora da influência do mercado” (ALIER, 2007, p. 22).
O culto ao silvestre tem por proposta manter as reservas naturais livres da interferência humana e está estruturado na biologia da conservação, assumindo uma posição utilitarista na medida em que aceita a importância do conhecimento e o uso da biodiversidade (LOUREIRO et al., 2009).
O evangelho da ecoeficiência caracteriza-se pela preocupação crescente com os efeitos do crescimento econômico no âmbito da natureza. Está atento para a economia industrial, urbana e agrícola, considerando-se que tem como foco os impactos sobre o ambiente e a saúde provocados pelas atividades industriais, da urbanização e da agricultura moderna. Está pautado na defesa do crescimento econômico, conjugado ao desenvolvimento sustentável, à modernização ecológica e à utilização dos recursos naturais (ALIER, 2007).
Loureiro e colaboradores (2009) sinalizam que tanto o culto ao silvestre como o evangelho da ecoficiência são correntes ambientalistas legitimadas pela ideologia dominante.


Por mais que tenham denominações e idealizações políticas diferentes, as correntes ambientalistas do culto ao silvestre, do evangelho da ecoeficiência e do ecologismo dos pobres podem mostrar desacordos e intercruzamentos e conviver em simultaneidade.
O ecologismo dos pobres também é chamado de ecologismo popular, movimento de justiça ambiental, ecologismo do sustento, ecologismo da sobrevivência humana e ecologia da libertação. A política desta corrente é voltada para o interesse material do ambiente como fonte de condição para a subsistência. Evidencia sua preocupação com a justiça social contemporânea entre os homens e pontua o efeito nocivo do crescimento econômico, no que diz respeito ao deslocamento geográfico das fontes de recursos e das áreas de descarte dos resíduos (ALIER, 2007).
A corrente do ecologismo dos pobres tem se expandido mundialmente. Os efeitos nocivos do desenvolvimento econômico sobre o ambiente não apenas estão ligados aos remanescentes da natureza, como estão relacionados ao uso das matérias-primas e das zonas de descartes de resíduos nas áreas habitadas por populações desbastadas de condições e infraestrutura condizentes com uma habitação digna.
Segundo Loureiro e colaboradores (2009), no Brasil se encontram desigualdades e injustiças onde grupos sociais estão em situação de expropriação e subordinação, como aqueles que moram em periferias urbanas e dependem da extração e manejo de recursos naturais, e outros grupos que não sobrevivem diretamente do uso dos recursos ambientais, mas que se tronam reféns e às vezes defensores do modelo de desenvolvimento dominante.
Ainda de acordo com Loureiro e colaboradores (2009), para que o ecologismo dos pobres possa se configurar como uma luta por justiça social, é necessário que os grupos envolvidos tenham consciência de classe sobre a vulnerabilidade socioambiental, expondo os conflitos por meio de uma ação política bem estruturada.
As três correntes anteriormente citadas são representadas por atores sociais que possuem distintas formas de compreender, entender e interagir com o ambiente. Assim, pode-se dizer que o culto ao silvestre é representado por biólogos conservacionistas e organizações não governamentais. O evangelho da ecoeficiência se encontra representado por engenheiros e economistas, e o ecologismo dos pobres, por grupos sociais ligados a sindicatos, movimentos feministas, movimentos contra racismo e demais grupos que são excluídos pelo sistema econômico vigente e buscam uma mudança deste processo.
Partindo desta constatação, pode-se inferir que a discussão sobre ambiente constitui-se em um espaço de conflitos envolvem as relações de uso e apropriação material e de concorrência e dominação por formas culturais de existência.

SAIBA MAIS EM:
ALIER, J. M. O ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto, 2007.
LOUREIRO, Carlos Frederico et al. Os vários “ecologismos dos pobres” e as relações de dominação no campo ambiental. In: LOUREIRO, Carlos Frederico et al. (Orgs.). Repensar a educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009.

A relação entre a espécie humana e o ambiente

Publicado em: Revista Cotoxó, Jequié - Bahia, p. 17 - 17, 01 fev. 2011.

Ao discorrer sobre o Ambiente torna-se necessário analisar as relações estabelecidas com a espécie humana, visto que tal espécie é aquela que mais modifica o meio onde ela se estabelece, porém, está relação é muito complexa na medida em que deve-se levar em consideração a interface entre trabalho, natureza e sociedade para uma melhor compreensão da apropriação dos recursos naturais pelo homem.
Seguindo algumas considerações (ANTUNES, 2005; FOSTER, 2005: NETTO e BRAZ, 2008), encontramos o trabalho visto como um processo de humanização que possibilitou o salto ontológico das formas pré-humanas para o ser social. Na vida do ser social o trabalho também pode ser considerado como produtor de valores de uso que permeia a relação metabólica entre o ser social e a natureza.
Do ponto de vista de produtor de valores de uso os objetos naturais são transformados em coisas úteis, sendo que, “nas formas mais desenvolvidas da práxis social, paralelamente a essa relação homem-natureza desenvolvem-se inter-relações com outros seres sociais, também com vistas à produção de valores de uso” (ANTUNES, 2005, p.139).
O trabalho é um processo que simultaneamente altera a natureza e auto-transforma o próprio ser que trabalha, na medida em que a natureza humana é também modificada a partir do processo laborativo, da existência de uma finalidade e de uma realização prática  
O homem no decorrer dos tempos mostrou a sua capacidade de interferir no ambiente, onde aprendeu a controlar o fogo, desenvolveu a agricultura e criou tecnologias, demonstrando não ser apenas um agente do meio, mas agente dotado de intenções conscientes para alterar a dinâmica do ambiente para maximizar o seu conforto.
A interação com a natureza tem permitido ao ser humano inserido na sociedade a satisfação material das suas necessidades transformando recursos naturais em produtos mediante o trabalho. Desta forma, a existência da sociedade humana depende da existência da natureza-ambiente, sem perder de vista que toda e qualquer espécie faz parte da natureza.
Mesmo com o a inserção do homem no meio social, ele não perde em si a condição originária de membro da natureza, porém, como ilustram Netto e Braz (2008, p. 38): “quanto mais o homem se humaniza, quanto mais se torna ser social, tanto menos o ser natural é determinante em sua vida”, ou seja, “o desenvolvimento do ser social significa, pois, que, embora se mantenham as determinações naturais, elas são progressivamente afastadas”. O ser social não se esgota no trabalho, a medida que o homem diversifica suas objetivações materiais e ideais representadas nas expressões do pensamento religioso, da reflexão científica e filosófica e da arte.
Como parte ou membro da natureza, o ser social, dotado de conhecimentos e visões de mundo, não pode negar a sua essência. Então, tornam-se cada vez mais necessárias reflexões sobre as atividades da espécie humana sobre o ambiente. Sendo assim, lançamos alguns questionamentos: (a) Como o ser social contemporâneo tem utilizado os seus saberes na interação com o ambiente? (b) Como a sociedade tem contribuído para a reflexão sobre a interação espécie humana-ambiente? (c) Quais as reais objetivações materiais da sociedade contemporânea? (d) Como o sistema econômico interfere nas questões ambientais? (e) Estamos vivendo uma crise ambiental ou uma crise civilizatória? (f) Como você classifica a sua interação com o ambiente?

SAIBA MAIS EM:
ANTUNES, R.Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2005.
FOSTER, J. B. A ecologia de Marx: materialismo e natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. (Introdução; capítulo V – o metabolismo entre natureza e sociedade).
NETTO, J. P. e BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2008.

A relação entre o antropocentrismo e ambiente

Publicado em: Revista Cotoxó, Jequié-Bahia, p. 20 - 20, 01 dez. 2010.

Ao discutirmos questões relacionadas ao ambiente é comum as referências sobre as atividades humanas sinalizadas como responsáveis pela crise ambiental, sendo, por vezes, colocado que a espécie humana é considerada como centro ou ápice das espécies mais evoluídas e que tem a capacidade de interferir e gerenciar os recursos naturais para  satisfazer suas necessidades e conforto, com isso, foram criadas condições de produção e consumo desenfreado ao longo do tempo, criando uma sociedade contemporânea por vezes denominada de sociedade de consumo,  gerando assim, uma série de externalidades que o ambiente não consegue suportar. Resumidamente, todas as ações humanas voltadas para a interferência negativa entre a relação  espécie humana e ambiente tem sido associada ao antropocentrismo.
Quando abordamos elementos sobre o antropocentrismo torna-se necessário pontuar que entre os séculos XVII e XVIII houve um movimento ou uma atitude geral de pensamentos, e de ações, denominado de Iluminismo que se pautou na capacidade existencial que os seres humanos tem  de interagir política e socialmente. Portanto, no tocante a vida social, o homem passava a decidir sobre seu próprio destino dentro da perspectiva daquilo que é socialmente adequado, em situação de liberdade e de satisfação material que lhe garanta dignidade existencial.
Encontramos algumas ênfases na literatura científica pautadas em questões ambientais,  em que os seres humanos possuem características específicas que nos dão uma condição própria de existência que não pode ser negada nas análises ambientalistas, pois do contrário, recaímos num reducionismo organicista que secundariza ou menospreza a dinâmica biológica-social em nossa espécie.
Em conseqüência da ruptura mencionada acima e o modo de organização social dominante surgiram alguns problemas, entre eles: a) a crença de que para nos libertarmos precisamos dominar as forças naturais; e b) o antropocentrismo, enquanto colocação de nossa espécie e sentido teleológico da evolução, finalidade da vida cósmica, ser acima e deslocado da natureza (LOUREIRO, 2006).
O termo Antropocentrismo possui várias definições, algumas são imprecisas e outras relacionadas a dimensões específicas como androcentrismo, ou pautadas em debates relativos á ética (patocentrismo, ecocentrismo e biocentrismo). O antropocentrismo passou a ser considerado pelos educadores ambientais como negação a tudo que se apresenta contrário à sustentabilidade planetária.  Torna-se necessário uma maior análise ao emprego do termo antropocentrismo.
 Segundo Loureiro (2006) é insuficiente falar que a responsabilidade da degradação é atitude antropocêntrica.  A degradação ambiental tem qualidades próprias nas sociedades contemporâneas que se definem pelas relações hierarquizadas de poder, pela dicotomia sujeito-objeto, pelos preconceitos culturais e pela desigualdade de classe.
 Vale ressaltar que na relação entre homem e ambiente temos que levar em consideração a dominação de uma classe sobre outras, de elites políticas e econômicas sobre o conjunto da população e da desigualdade e injustiça social e ambiental que impera na sociedade contemporânea.

Bibliografia citada:
LOUREIRO, Carlos Frederico, et al Problematizando conceitos: contribuição à práxis em educação ambiental. In: , Carlos Frederico et al (org) Pensamento Complexo. Dialética e  Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

Leia mais:

LOUREIRO, Carlos Frederico, et al. Os vários “ecologismos dos pobres” e as relações de dominação no campo ambiental. In: LOUREIRO, Carlos Frederico et al (org). Repensar a educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009.

LAYRAGUES, Philoppe Pomier. Educação para a gestão ambiental: a cidadania no enfrentamento político dos conflitos socioambientais. In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRAGUES, Philoppe Pomier; CASTRO, Ronildo Souza (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. São Paulo: Cortez, 2002.