Thais
Mendes dos Santos- Graduanda do Curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas- UESB
Silvana
do Nascimento Silva- Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia- LEBio-UESB
Texto publicado na Revista Cotoxó, Ano VII, N. XLVI, p.6. Jan. 2014.
A proposta deste texto é refletir sobre o papel
da Educação como prática social. Desta forma, consideramos que educar
ultrapassa a esfera da transmissão de conhecimentos em que não há vias de
retorno para todos os envolvidos no processo educativo. A concepção sobre educação conforme a
literatura em Educação Ambiental Crítica-
EAC (Loureiro, 2006), é considerada com uma prática social, que deve estar
vinculada a ações sociais e ainda, estar atrelada a capacidade de saber
problematizar a realidade e estabelecer relações entre os diferentes contextos.
A principal função da educação é, portanto, formar o sujeito em sua
“totalidade” a fim de torná-lo um agente
ativo na transformação da sua história, levando em conta os interesses
coletivos.
Partindo desta
constatação, podemos inferir que a educação desempenha o papel de contribuir
para que haja maior apreensão por parte dos sujeitos, acerca da importância das
ações humanas para uma sociedade mais participativa e comprometida com a
transformação social. Além disso, concordamos com a literatura (Guimarães,
2006; Loureiro 2006), ao sinalizar sobre
a ação educativa como de grande contribuição no processo de autonomia e
emancipação humana.
No entanto, ainda de
acordo com a literatura, são diversos os sentidos empregados ao conceito de
Educação e também Educação Ambiental a fim de contemplar os interesses do
sistema vigente na sociedade, o saber capitalista, no qual a classe dominante
almeja conservar seu poder sobre a classe oprimida através da intensificação do
processo de reprodução da injustiça e desigualdade social e isso se reflete nas
questões educacionais.
Neste sentido, as
questões ambientais passam por um processo de adequação na sociedade, onde
torna-se mais viável para o sistema capitalista fomentar discussões romantizadas
acerca da relação sociedade/natureza, com o intuito de alienar os sujeitos,
desviando desta forma, a atenção dos verdadeiros fatores (econômico, político,
cultural social. etc) envolvidos na degradação do meio ambiente.
Deste modo, Loureiro
(2008), acrescenta que é necessário haver o fim da alienação para que a
humanidade se torne livre e emancipada, podendo dessa forma se reaproximar da
natureza. Entretanto, fazemos parte de uma sociedade marcada historicamente
pela dominação de classes sociais, que a partir dos princípios capitalista é
imprescindível que as relações de produção da classe trabalhadora sejam
mantidas, para que não haja o rompimento desse sistema.
Portanto é impossível
levantar discussões acerca das questões ambientais, sem mencionar as injustiças
sociais que estão por trás destas ações, que enquanto milhares de pessoas
sofrem por conta dos efeitos da degradação do meio ambiente causados pelo uso
desenfreado dos bens naturais, a
burguesia se preocupada apenas na perpetuação da lógica do capital, forjando
discursos a favor da sustentabilidade e ao mesmo tempo contribuindo para a
deterioração da natureza.
Consideramos que a EAC
é uma forte aliada na formação da almejada sociedade ambientalmente justa.
Contudo, é preciso fomentar o envolvimento dos atores sociais de forma coletiva
para repensar sobre as práticas, atitudes e ações desenvolvidas por todos.
Traçar metas socioambientais deve ir além da prática de reciclagem... Ações
políticas eficazes devem ser o norte de
qualquer prática social. O desenvolvimento deve primar pelo equilíbrio
socioambiental. Não é possível mais sustentar um sistema que ignore as leis da
natureza. Apesar do Homem sapiens se
tornar uma espécie social, a sua essência é natural, ou seja, é também
natureza. Não podemos deixar de vista que os impactos na Terra, esse planeta
com uma biodiversidade extraordinária, acarreta em prejuízos para todas as
espécies, inclusive a nossa!
Leia mais:
GUIMARÃES, Mauro.
Caminhos da Educação Ambiental: Da forma à ação. Campinas-SP: Papirus, 2006
LOUREIRO, Carlos
Frederico Bernardo, et.al. Pensamento complexo, dialética e educação ambiental.
São Paulo: Cortez, 2006.
LOUREIRO, Carlos
Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza de.
Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. São Paulo: Cortez, 2008.