segunda-feira, 6 de junho de 2011

A relação entre o antropocentrismo e ambiente

Publicado em: Revista Cotoxó, Jequié-Bahia, p. 20 - 20, 01 dez. 2010.

Ao discutirmos questões relacionadas ao ambiente é comum as referências sobre as atividades humanas sinalizadas como responsáveis pela crise ambiental, sendo, por vezes, colocado que a espécie humana é considerada como centro ou ápice das espécies mais evoluídas e que tem a capacidade de interferir e gerenciar os recursos naturais para  satisfazer suas necessidades e conforto, com isso, foram criadas condições de produção e consumo desenfreado ao longo do tempo, criando uma sociedade contemporânea por vezes denominada de sociedade de consumo,  gerando assim, uma série de externalidades que o ambiente não consegue suportar. Resumidamente, todas as ações humanas voltadas para a interferência negativa entre a relação  espécie humana e ambiente tem sido associada ao antropocentrismo.
Quando abordamos elementos sobre o antropocentrismo torna-se necessário pontuar que entre os séculos XVII e XVIII houve um movimento ou uma atitude geral de pensamentos, e de ações, denominado de Iluminismo que se pautou na capacidade existencial que os seres humanos tem  de interagir política e socialmente. Portanto, no tocante a vida social, o homem passava a decidir sobre seu próprio destino dentro da perspectiva daquilo que é socialmente adequado, em situação de liberdade e de satisfação material que lhe garanta dignidade existencial.
Encontramos algumas ênfases na literatura científica pautadas em questões ambientais,  em que os seres humanos possuem características específicas que nos dão uma condição própria de existência que não pode ser negada nas análises ambientalistas, pois do contrário, recaímos num reducionismo organicista que secundariza ou menospreza a dinâmica biológica-social em nossa espécie.
Em conseqüência da ruptura mencionada acima e o modo de organização social dominante surgiram alguns problemas, entre eles: a) a crença de que para nos libertarmos precisamos dominar as forças naturais; e b) o antropocentrismo, enquanto colocação de nossa espécie e sentido teleológico da evolução, finalidade da vida cósmica, ser acima e deslocado da natureza (LOUREIRO, 2006).
O termo Antropocentrismo possui várias definições, algumas são imprecisas e outras relacionadas a dimensões específicas como androcentrismo, ou pautadas em debates relativos á ética (patocentrismo, ecocentrismo e biocentrismo). O antropocentrismo passou a ser considerado pelos educadores ambientais como negação a tudo que se apresenta contrário à sustentabilidade planetária.  Torna-se necessário uma maior análise ao emprego do termo antropocentrismo.
 Segundo Loureiro (2006) é insuficiente falar que a responsabilidade da degradação é atitude antropocêntrica.  A degradação ambiental tem qualidades próprias nas sociedades contemporâneas que se definem pelas relações hierarquizadas de poder, pela dicotomia sujeito-objeto, pelos preconceitos culturais e pela desigualdade de classe.
 Vale ressaltar que na relação entre homem e ambiente temos que levar em consideração a dominação de uma classe sobre outras, de elites políticas e econômicas sobre o conjunto da população e da desigualdade e injustiça social e ambiental que impera na sociedade contemporânea.

Bibliografia citada:
LOUREIRO, Carlos Frederico, et al Problematizando conceitos: contribuição à práxis em educação ambiental. In: , Carlos Frederico et al (org) Pensamento Complexo. Dialética e  Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

Leia mais:

LOUREIRO, Carlos Frederico, et al. Os vários “ecologismos dos pobres” e as relações de dominação no campo ambiental. In: LOUREIRO, Carlos Frederico et al (org). Repensar a educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009.

LAYRAGUES, Philoppe Pomier. Educação para a gestão ambiental: a cidadania no enfrentamento político dos conflitos socioambientais. In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRAGUES, Philoppe Pomier; CASTRO, Ronildo Souza (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. São Paulo: Cortez, 2002.