quinta-feira, 24 de novembro de 2011

III Seminário do Dia Mundial de Luta contra a Homofobia

O III Seminário do Dia Mundial de Luta contra a Homofobia do Território Médio Rio de Contas objetiva apresentar e debater sobre os atos homofóbicos que vêm vitimizando a comunidade LGBTT, analisar as intervenções desenvolvidas junto a este público e propor novas ações que contribuam para o exercício da cidadania e para a garantia dos direitos dessa população salvaguardados na Constituição Brasileira.

http://www.uesb.br/eventos/seminario_contra_homofobia/

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O tema Ambiente no livro didático de Biologia: uma análise de conteúdo de três unidades temáticas

Publicado na Ata do VII EPEA 2011: http://epea2011.webnode.com.br/products/a0142-1-/

Resumo: Diante da necessidade do entendimento crítico sobre o ambiente em que existem interfaces entre conhecimentos socialmente construídos, é importante investigar como ele é trabalhado nos livros didáticos de biologia. Analisamos o tema ambiente no livro didático de Biologia, Linhares e Gewandsznajder que foi o mais bem avaliado pelo PNLEM-2007. A metodologia foi inspirada na analise de conteúdo temática que consiste em identificar os núcleos de sentido de uma comunicação. Aplicamos a grade analítica às unidades de registros constituídas por títulos, frases e parágrafos que abordam o tema ambiente, e que permitiu a elaboração dos seis indicadores de enfoques: processos biológicos, alterações ambientais, exploração dos recursos naturais, medidas de controle, contexto sociopolítico e econômico, tecnologia e ambiente. Das unidades de registro analisadas predomina o indicador processos biológicos. Torna-se necessário que os autores do livro didático possam contextualizar com mais intensidade os conhecimentos biológicos com os conhecimentos  relacionados às questões socioambientais.
Palavras-chave: Ambiente, Livros Didáticos, Análise de Conteúdo, Ensino de Biologia.

Os sintomas da depressão

Publicado em: Revista Extra, página 24,  agosto 2011.

“Tudo que criamos para nós,
de que não temos necessidade,
se transforma em angústia, em depressão...”
Chico Xavier

Na sociedade contemporânea, é bastante comum indivíduos  com queixas de desanimo,  baixa autoestima, tristeza constante, insônia, baixo libido, ganho e perda exagerada de peso, perda de vontade de viver,  e que quando  associadas estão relacionadas ao quadro depressivo.
Como detectar e tratar a depressão?
Primeiramente é necessário um acompanhamento médico para detectar o tipo e a causa da depressão. O médico indicará o tratamento mais adequado a ser seguido, por meio de medicação, atividade física e acompanhamento psicológico.
O indivíduo depressivo tendo um acompanhamento médico regular tem potenciais chances de controlar tal quadro, mas é necessário que ele também possa se comprometer com o seu bem-estar, tentando se esforçar para não se isolar do mundo, praticando hábitos saudáveis associados a uma boa alimentação, atividades esportivas e culturais.
Não se deve esquecer que ao longo do tratamento  deve-se evitar o consumo de álcool e outros tipos de drogas, pois tais substâncias causam danos gravíssimos a saúde humana.
É sempre bom lembrar que mesmo a vida oferecendo motivos para enclausurar-se ou desenvolver o quadro depressivo, isso quando a causa não for endógena, deve-se buscar força e motivação para se seguir trilhando o caminho.
O melhor remédio é procurar  sentir-se capaz de realizar os seus objetivos, e procurar viver em sintonia com os amigos e familiares. Uma grande dose de pensamento positivo também ajudará bastante, pois  permite canalizar boas vibrações que ajudaram no bem-estar. Sendo assim, procure contemplar a beleza nas simples coisas do seu cotidiano, como o amanhecer que nos possibilita acreditar no novo dia, e que dependerá somente de você para torná-lo prazeroso e significante; um entardecer que nos remete a sensação de um dia vivido; um anoitecer que nos presenteia com as mais brilhantes estrelas acompanhadas da magia das fases da lua.
O seu mais potente remédio é a força interior, e a certeza de que és capaz.


Antidepressivos tratam a dor depressão, mas não curam o sentimento de culpa e nem tratam a angústia da solidão.
Augusto Cury


LEIA MAIS:
FARINHA, Silvana. A depressão na atualidade [dissertação] : um estudo psicanalítico. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.
POZNANSKI, E.; MOKROS, H.B.; GROSSMAN, J. - Diagnostic Criteria in Childhood Depression. Am. J. Psychiatry, 142(19): 1168, 1985.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A presença de comportamentos agressivos (Bullying) na escola

Publicado em: Revista Extra, Julho-2011.

“No silêncio do meu quarto ninguém pode ver
O tanto que palavras fazem sofrer
Por ser diferente as pessoas acham que
Podem ferir alguém como se não fosse...”

A escola é um espaço direcionado a aquisição de conhecimentos, e serve como meio de socialização do ser humano que se inicia na fase da infância, em que a criança começa a vivenciar experiências e descobrir o mundo que para ela é cheio de cores, contos, cantos, brincadeiras e curiosidades. Porém, não é sempre assim. Casos de violência escolar viraram assuntos corriqueiros, e por muitas vezes noticiados em programas televisivos.
Quem não se lembra da tragédia na escola de Realengo no Rio de Janeiro? Se não se lembra, ou não é mais assunto da mídia, com certeza a comunidade local que vivenciou toda a barbárie até hoje deve recordar de forma triste e sofrida. Esse foi apenas um exemplo de violência na escola, mas existem outros tipos, um dos quais é aquela que se destina a tipos de ‘brincadeiras’ – de extremo mau gosto- entre estudantes que funciona a partir das humilhações, insultos, intimidações e constrangimentos para como o outro, que geralmente é escolhido por ser diferente.
“...Você pode respeitar e é capaz de amar alguém que sofre em silêncio?
Você pode respeitar e pode entender que bullying fere a alma?..”
Quem nunca presenciou esse tipo de violência na escola? Realmente isso acontece a muito tempo e no mundo todo,  porém na sociedade contemporânea ela tem se intensificado e causam vários problemas de ordem psicológica, moral, física e material para aqueles que sofrem tais insultos. Estamos falando sobre o Bullying.
“...Todos diziam que era brincadeira
Enquanto eu sofria em silêncio
Por ser excluído eu me afastava sem esperar
Que pudesse explicar o que havia de errado...”
Tal termo é mundialmente conhecido, e serve para classificar comportamentos anti-sociais e puramente agressivos. Mas, o que leva o indivíduo a se tornar uma pessoa perversa e agressiva?  Alguns especialistas (CONSTANTINI, 2004; FANTE, 2005) apontam que existem várias causar, que transitam desde  a violência domestica, carência afetiva, criação sem limites e reprodução de comportamentos de afirmação de poder e autoridade presenciados em casa.
“... Seu filho pode ser a vítima
Seu filho pode ser o agressor
Mas terá chance (terá chance)...”
Percebemos que o fator criação e convívio familiar é o grande influenciador no comportamento infantil, pois a criança reproduz em certo grau aquilo que é percebido no meio em que ela interage. A formação da personalidade e caráter de uma criança é influenciado por toda e qualquer experiência que ela possa vivenciar, desde a interação no seio familiar a ideologias perpassadas nos programas e propagandas de TV, brinquedos... Cabe aos pais estarem atentos aos seus próprios comportamentos em casa, e também alertas para aquilo que a criança consome com telespectador, pois são grandes os números de desenhos infantis altamente violentos e brinquedos que estimulam a agressividade.
“... Se todos puderem respeitar e serem capazes de amar alguém que sofre
Se todos puderem respeitar e entender que bullying fere a alma
Quero saber se você é capaz de ajudar alguém assim...”
Sofrendo em Silêncio
Composição: Adriele Lima / Lélio Calhau

LEIA MAIS:

CONSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo? : prevenir e enfrentar a violência entre jovens. SP: Itália Nova editora, 2004
.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. rev. Campinas, SP: Verus editora, 2005.

A formação do sujeito ecológico no contexto escolar

Publicado em: Revista Cotoxó, julho-2011, P.6.

No contexto educacional é fundamental que se reflita sobre o processo de ensino e aprendizagem na formação do sujeito ecológico diante da crise socioambiental contemporânea. Carvalho (2008) sinaliza que nos dias atuais a formação do sujeito deve ultrapassar a prática de transmissão de conteúdo e informação, pois o ensino deve promover subsídios para posicionamentos críticos e reflexivos, em que possibilite a atuação cidadã diante dos problemas ambientais.
Torna-se relevante compreender quais são os valores, as atitudes e as crenças centrais que devem constituir o sujeito ecológico e como ele deverá operar em consonância com a orientação socioambiental, para expressar seu ponto de vista considerando as características individuais e coletivas nos contextos histórico, social e cultural. Sendo assim, a proposta educativa poderia ser pautada na formação de um sujeito capaz de ler seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas aí presentes.
A escola deve está formando cidadãos críticos, pois diante de toda repercussão sobre as causas e conseqüência dos impactos ambientais na vida e organização dos seres vivos, temos sido interpelados e convidados a participar mais efetivamente dos embates envolvidos no campo ambiental, mas para tanto precisa-se de  indivíduos com espírito de luta, sede de mudança  e compromisso para  defender um mundo sustentável em que haja responsabilidade no uso dos recursos naturais. Assim, a escola poderá contribuir neste sentido, tendo como uma de suas metas promover os primeiros passos para a constituição de sujeitos ecológicos em prol da cidadania ambiental.
A compreensão sobre cidadania deve se pautar no estabelecimento de uma sociedade democrática, considerando-se a democracia não só como um regime político, mas como uma forma de sociabilidade que se insere nos espaços sociais (BRASIL, 1997). Portanto, a cidadania também está diretamente relacionada com a participação ativa do cidadão em questões que remetem à luta a favor dos direitos sociais, igualdade social e econômica, qualidade da educação, saúde e moradia, com sua participação na gestão pública.
Mais do que nunca precisamos usar o espaço escolar como ferramenta para melhoria de uma sociedade justa e igualitária. Pois, você já parou para pensar que políticos, advogados, médicos, professores e outros representantes de demais profissões passaram por uma sala de aula? Tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos e utilizá-los na formação escolhida e no cotidiano? Então, como podemos justificar que muitos políticos e cidadãos comuns não têm compromisso e responsabilidade com o ambiente? Em que momento as reflexões ambientais foram perdidas na formação de tais indivíduos? Será que é responsabilidade só da escola a formação do sujeito ambiental? Se não é, tudo bem! Mas nós professores temos um potencial enorme em nossas mãos, a criatividade dos estudantes, e por isso devem ser motivados e considerados como instrumentos de transformação para uma sociedade mais justa.
Mesmo que o sistema nos forneça elementos que tentam nos silenciar, a nossa profissão requer energia e luta para tentarmos mudar essa realidade grotesca. Professor(a), seja o agente provedor da criatividade ambiental e dê asas responsáveis aos estudantes, assim poderão voar em busca de habitat sustentável, como diria Rubens Alves: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”. Que tipo de escola é a sua?

SAIBA MAIS EM:
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Educação-Sociedade-Ambiente-Psicanálise: Mais Uma Dose Sobre Sexualidade

Educação-Sociedade-Ambiente-Psicanálise: Mais Uma Dose Sobre Sexualidade: "Publicado em : Revista Extra, A no 6 - Maio 2011 - nº 47 “Ser um homem feminino Não fere o meu lado masculino Se Deus é menina e meni..."

Ambiente e Cidadania

Publicado em: Revista Cotoxó
Ano IV - Junho 2011 - nº XXIII
 

Silvana do Nascimento
Analista Universitária do DCB-UESB
Doutoranda em Ensino, Filosofia e História das Ciências- UFBA

O 5 de junho é considerado como o dia mundial do Meio Ambiente. Mas, o por que de uma data específica para o ambiente? Será que é apenas nessa data que se devem voltar à atenção para o campo ambiental?  E no decorrer do ano, o que é feito para discutir, repensar, gerenciar e solucionar questões sobre os impactos ambientais?
No mês em que se comemora o dia mundial do ambiente, torna-se ainda mais propício a reflexão sobre as relações que se estabelecem nele, mesmo diante da vergonhosa aprovação da Câmara de Deputados do Novo Código Florestal.
Torna-se de extrema importância a sua participação mais ativa na sociedade, buscando conhecer o que está sendo feito em prol do ambiente sustentável. Por meio da participação social e política é possível ampliar a previsão e prever melhores efeitos da ação humana sobre o ambiente, desta forma, se exerce o poder político, e não apenas deixando que outros atores sociais atuem por nós, pois como destaca bem Penteado (2007), na lógica capitalista, os efeitos e a forma de lidar com a ação humana são pensados pelos técnicos e especialistas, e a população em geral é excluída de qualquer decisão, apesar de ser atingida pelas decisões e reagir a elas, podendo colaborar, dificultar e impedir dependendo dos seus interesses.
Somos bombardeados por notícias sobre os impactos ambientais e suas conseqüências a vida em nosso planeta, isso é o suficiente para motivar o exercício do papel de cidadão atuante. Vale ressaltar que a cidadania vai além dos conjuntos de deveres e direitos dos indivíduos, o seu exercício refere-se a comportamentos desenvolvidos para lidar com os direitos e deveres, sendo aprendido quando o indivíduo participa de ações para a resolução de problemas que o afetam e, consequentemente, afetam também o ambiente.
Então, já parou para pensar como você tem atuado na sociedade? Nas funções em que você ocupa qual a parcela de contribuição que tem destinado ao ambiente? Qual a bandeira que você levanta a de espectador, simpatizante ou atuante no contexto ambiental? Você participa de algum grupo local que mobiliza conhecimentos, atitudes e ações em prol do desenvolvimento sustentável? Bom, caso ainda não tenha pensando nessas questões, o momento é agora, pois nunca é tarde para rever conceitos e atitudes. O que importa é participar de forma consciente e crítica. Portanto, mãos a obra, pois não é o ambiente que precisa dos seres humanos, somos nós que precisamos dele, porque somos sua parte integrante.
Finalizo esse texto deixando uma mensagem que vem a calhar neste mês de festas juninas, mas que transcende a essa festa popular:
“... Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação...

...Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão...”
(Asa Branca: Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)

SAIBA MAIS EM:
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.

PENTEADO, Heloisa Dupas. Meio Ambiente e formação de professores. São Paulo: Cortez, 2007.

Mais Uma Dose Sobre Sexualidade

Publicado em : Revista Extra, Ano 6 - Maio 2011 - nº 47
 

“Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...”

Considerando que a sexualidade é construída ao longo do desenvolvimento do sujeito, e que sofre interferência das relações sociais, podemos considerá-la com base no conceito de dispositivo histórico de Foucault (1988), em que a sexualidade faz parte da invenção social, na medida em que é constituída a partir dos variados discursos sobre o sexo, em que regulam, normatizam e elaboram conhecimentos.
Partindo deste princípio, percebemos no âmbito da sexualidade especificamente no que tange a identidade sexual e demais identidades sociais, que os contextos culturais e históricos influenciam de forma diferenciada os sujeitos.
“... Olhei tudo que aprendi
E um belo dia eu vi...”
Conforme Louro (2000) enquanto sujeitos possuímos várias identidades, como a sexual e a de gênero, a racial, a de nacionalidade e outras mais, apresentando caráter provisório, contraditório e até mesmo divergentes,  que  dependendo do valor que o sujeito empregue, muitas podem ser desprezadas e substituídas. Portanto, podemos constatar o caráter histórico e plural em tais identidades principalmente a sexual e de gênero.
“... E vem de lá!
O meu sentimento de ser
Meu coração!
Mensageiro vem me dizer...”
Você deve estar a se perguntar: Como pode ser isso? A minha identidade sexual é provisória? Não! Já tenho muito bem definido a minha orientação sexual! Note, tudo vai depender da leitura, experiência, representações, simbologias do sujeito. Realmente, pode ser difícil aceitar tais considerações, pois desde muito tempo atrás utilizamos a identidade sexual com algo absoluto que nos define e representa, tornando muito requerida no nosso cotidiano, como por exemplo, no preenchimento de formulários, fichas de contratação para emprego, nos papeis sociais e familiares, enfim, entre outras  instâncias, e tal identidade se torna a referencia mais considerada para identificar o sujeito.
“... Salve, salve a alegria
A pureza e a fantasia...”
Talvez por ser tão valorizada e requerida em muitas circunstâncias,  sujeitos sociais se colocam na posição de julgar o outro a partir da orientação ou condição sexual. O que favorece a disseminação de preconceito e intolerância aquilo que é diferente e plural. Lembrando que todos nós temos o direito de ir e vir.
Música: Masculino e Feminino
Composição : Baby Consuelo, Didi Gomes e Pepeu Gomes
LEIA MAIS:
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade, V.1: A vontade de saber. Graal ed. Rio
de Janeiro: 1988.
LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. IN: LOURO, Guacira Lopes (Org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade: Autentica: Belo Horizonte, 2000.

terça-feira, 14 de junho de 2011

VIOLÊNCIA DOMESTICA

Publicado em: Revista Extra, Jequié-BA, p. 26, 01 nov. 2010.

A violência domestica é entendida como a violência exercida no âmbito familiar, envolvendo pessoas com parentesco civil ou parentesco natural. Manifesta-se em varais formas de atos violentos direcionados geralmente a idosos, crianças e mulheres. Pode ser classificada em quatro categoriais:
 Violência física ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano, por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que pode causar lesões.
Violência sexual é toda a ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga outra à realização de práticas sexuais contra a vontade, por meio da força física, da influência psicológica, ou do uso de armas ou drogas.
Negligência é a omissão de responsabilidade, de um ou mais membros da família, em relação a outro, principalmente com aqueles que precisam de ajuda por questões de idade ou alguma condição específica.
Violência psicológica é toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa, por meio de ameaças, humilhações, chantagem, cobranças de comportamento, discriminação, exploração, crítica pelo desempenho sexual dentre outros. Esta categoria de violência é a mais difícil de ser identificada e pode causar ansiedade, fobias e outros distúrbios mentais.
Alguns estudos apontam que a violência domestica freqentemente está associada ao consumo de substâncias químicas, dentre elas ao cosumo de alcool. A relação entre consumo de álcool e condutas violentas constituem um problema social. Em relação a violência de gênero epecificamente sofrida por mulheres, dados mundiais indicam que ocorre em todos os países,  independente da classe social, idade, raça, tipo de cultura ou nível de desenvolvimento econômico do país.
A violência sofrida pelas mulheres tem se agravado tanto em termos de quantidade quanto de qualidade, ou seja, as vítimas têm sofrido agressões físicas cada vez mais severas, que ocasionam a morte ou graves seqüelas. Portando, como mecanismo para coibir tamanha violência foi criado a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha para prevenir, punir e erradicar toda e qualquer forma de violência contra a mulher.
Toda e qualquer vítima de violência necessita de um acompanhamento psicanalítico, pois ajudará na superação dos traumas sofridos, podendo restabelecer a auto-estima e um bom controle das emoções.

Leia Mais:

PAREDES, J. M. H; VENTURA, C. A. A.  Alcohol Consumption and Domestic Violence Against Women: a Study with University Students from Mexico. Rev. Latino-Am. Enfermagem 18(spe): 557-564, TAB. 2010 Jun.

RODRIGUES, D. T; NAKANO, A. M. S. Violência doméstica e abuso de drogas na gestação. Rev. bras. enferm. 60(1): 77-80, ND. 2007 Feb.

Falando Sobre Sexualidade

Publicado em: Revista Extra, Jequié-BA, p. 23 - 23, 06 abr. 2011.


De onde vêm os bebês?
Por que sangrar todo mês?
Quando será a primeira vez?
Como impedir a gravidez?
Por que não posso ver um filme-X?
Por que não posso ler a revista que eu quis?
Por que não posso ser um cara feliz?
Por que não posso ter aquela meretrix?
É verdade que cresce cabelo na mão?
É verdade que a doença pode vir num beijo?
É verdade que é bom reprimir o desejo?
É verdade que as mulheres gritam de paixão?

Música: Mistérios da sexualidade humana
Composição: Os Replicantes

A sexualidade como tema é considerada como um conhecimento transversal, ou seja, está presente em vários ambientes e situações, como na escola, em congressos, nos programas de TV, na internet, na família, em danças, nas músicas, em livros, enfim, ela está inscrita no dia a dia do ser humano.
Mas, o que entendemos por sexualidade? É possível estabelecer um conceito universal sobre sexualidade? Neste texto, a sexualidade é compreendida como as experiências vivenciadas, valores, regras, atitudes, representações simbólicas, prazeres e desejos construídos individual ou coletivamente e que perpassam pela identidade sexual do homem e da mulher.
A Sexualidade agrega algumas teorias dentre elas encontra-se a contribuição do renomado Psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) que ao realizar investigações sobre as causas das neuroses detectou que na grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, os dados recolhidos os levou a formalizar conceitos sobre a sexualidade infantil fundamentado resumidamente nas seguintes considerações: a) a função sexual existe desde o princípio de vida, logo após o nascimento e não só a partir da puberdade. b) o período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. 
A sexualidade para alguns pesquisadores (LOURO, 2000; PARKER, 2000) se manifesta também a partir do âmbito  social e político, e  não remete apenas a questão pessoal, ela é construída ao longo da vida a partir das interpelações do ambiente onde o indivíduo se encontra inserido. Dentro dessa perspectiva a sexualidade envolve linguagens, fantasiais, rituais, símbolos, códigos, representações, concepções... que abrangem processos culturais e plurais.
Do ponto de vista da dimensão social, político e cultural a sexualidade considerada  como algo natural do homem e da mulher é descartada, pois os indivíduos não vivem ou experimentam o corpo da mesma forma, pois esse corpo toma sentido  diverso  a partir do gênero que representa, da cultura que faz parte e das relações sócias estabelecidas.

LEIA MAIS:
LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. IN: LOURO, Guacira Lopes (Org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade: Autentica: Belo Horizonte, 2000.

Parker, Richard. Cultura, economia política e construção social da sexualidade. IN: LOURO, Guacira Lopes (Org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade: Autentica: Belo Horizonte, 2000.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Vol. 7, 1905.

Comportamento Infantil

Publicado em:  Revista Extra, Jequié-BA  p. 13, 20 mar. 2011.

Por que refletir sobre o comportamento infantil? Porque a criança desde a fase uterina até se constituir em um ser adulto no teatro da vida compõe uma trama fascinante, que passa pelo desenvolvimento embrionário, maturação físico-biológica, desenvolvimento das capacidades, habilidades, competências, formação moral e emocional. O resultado deste espetáculo é o desdobramento de uma personalidade humana, nova e única, pois o ser humano mesmo com tantas interações com grupos sociais ele não perde a sua unicidade.
Partindo desse pressuposto, podemos pensar que o comportamento da criança é influenciável? Sabemos que biologicamente os caracteres hereditários influenciam no desenvolvimento de algumas características do indivíduo, porém só isso não é o suficiente em termos de desenvolvimento comportamental. Na interação com o ambiente externo a criança apreende muito das situações vivenciadas nos espaços onde ela interage. Os genes colaboram com o crescimento e desenvolvimento dos elementos biológicos, ao passo que as experiências vivenciadas ao longo da caminhada da vida ajudam a modelar o comportamento do ser a partir dos significados e representações que o indivíduo de forma consciente ou inconscientemente estabelece com tais experiências.
O crescimento e desenvolvimento da criança é algo que deve ser considerado deste o momento da fertilização do óvulo, pois o feto no útero materno, mesmo este sendo constituído de elementos que fornecem proteção para o desenvolvimento do embrião, ele poderá ser afetado por exemplo, por uso de substâncias teratogênicas capazes de ultrapassar a placenta e alterar o desenvolvimento fetal. Mas, além de uso de substâncias a mãe submetida a momentos de stress ou perturbações emocionais na gestação pode transferir toda tensão para o feto.
Os bebês nascem com um tipo peculiar de temperamento, que é constituído por uma interação dos condicionantes biológicos e ambientais que produzirão padrões de comportamentos que dependerá da natureza individual de cada ser. Então, finalizo com alguns questionamentos: 1) A base familiar influencia no comportamento da criança? 2) Qual o papel dos país na formação do comportamento infantil? 3) Como deve ser o ambiente familiar para uma boa formação de comportamento, competências, habilidades, formação moral e emocional da criança? 
“...Saiba!
Todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão, também
Hitler, Bush e Saddam Hussein
Quem tem grana e quem não tem...
Saiba!
Todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
E também você e eu...” (Saiba: Arnaldo Antunes)

Saiba mais:

BRAZELTON, T. B et al. 3 a 6 anos- Momentos decisivos do desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Artmed, 2003.

JERUSALINSKY, A. N. Psicanalise infantil. Porto Alegre: Artes e ofícios, 1999.

ANALYSIS OF CONTENT OF ENVIRONMENT ON A THEME OF BIOLOGY TEXTBOOK OF HIGH SCHOOL - BRAZIL

INTE 2011: International Conference on New Horizons in Education

SILVA, Silvana do Nascimento
EL-HANI, Charbel
TRACANA, Rosa Branca
CARVALHO, Graça S.

Abstract: Considering the critical need for understanding about the environment in which there are interfaces between socially constructed knowledge, it is important to investigate how this topic is addressed by biology textbooks. We analyze the environmental theme in biology textbooks, written by Linhares and Gewandsznajder, which has better assessed by National Program for High School textbooks (PNLEM-2007). The methodology was inspired by the thematic content analysis is to identify the core meaning of a communication. We applied the analytical grid of unit records consist of titles, phrases and paragraphs that address environment, and that allowed the preparation of the six indicators of approaches: biological, environmental change, natural resources, control measures, socio-political and economic, technology and environment. Units of recording analyzed the predominant indicator of biological processes. It is necessary that the authors of the textbook with more intensity to contextualize the biological knowledge with knowledge related to environmental issues.
Keywords: Environment, textbooks, Content Analysis, Biology education.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cidadania Ambiental

Publicado em: Revista Bahia Acontece, Salvador-Bahia, 15 maio 2011http://revistabahia.com.br/2011/05/silvana-silva-cidadania-ambiental/

 Você leitor deve estar a se perguntar: Qual o enfoque deste texto? A abordagem é sobre política, saúde e/ou educação? Já sei! Vai apontar dados sobre a cultura local. Na verdade, o texto tenta chamar a sua atenção para questões sobre o meio ambiente, ou melhor, apenas ambiente, pois ele é a totalidade e não a metade, e a sua abordagem é completamente global e transversal, pois nele perpassam conhecimentos de várias áreas, tais como, a educação, a saúde, a política, a economia, a cultura, enfim, faz parte do ambiente os vários contextos sociais e naturais, que também estamos inseridos nele, ou seja, somos parte dele, além dos demais seres vivos.
Será que nos dedicamos a refletir sobre o ambiente no nosso dia a dia? O que entendemos por ambiente? Que tipo de ambiente as gerações futuras irão herdar?
Somos parte do ambiente e por isso interferimos muito na sua dinâmica, e infelizmente muitas vezes de uma forma totalmente negativa, em que a preocupação com os recursos naturais é geralmente colocada de lado, pois, as conseqüências das atividades humanas denotam, que, nós humanos, utilizamos tais recursos de forma acelerada, sem a devida preocupação com a dinâmica e o limite de tempo do ambiente.
Vamos refletir sobre o nosso contexto local, enfocando o Rio das Contas, tentando comparar o de décadas passadas com o que temos hoje, pois o rio que corta a cidade de Jequié não pode ser mais considerado como tal, e sim, um esgoto canalizado a céu aberto, onde resíduos domésticos são lançados diretamente em suas águas, e lixos fazem parte do seu cenário. As suas águas estão paradas e poucas espécies se fazem ali presentes.
O que pensar de uma cidade/cidadãos que não preserva de forma sustentável o seu bem natural? Hoje, falamos em cidadania ambiental devido a necessidade de enfatizar a dimensão ambiental nas relações sociais, e principalmente nas tomadas de decisões em que se requer ações que possam priorizar o contexto socioambiental.
Pensar e agir dentro da cidadania ambiental é rever atitudes e valores, não de forma isolada, ou apenas em nível de indivíduo, mas em ações coletivas locais e globais, em que, se almeja uma sociedade sustentável, menos opressora, excludente, consumista e desigual. É chamar para o diálogo os vários conhecimentos como a economia, política, cultura, direito, ciência e tecnologia, na busca de um repensar e um novo caminhar em direção a um contexto integrado sobre o ambiente.
Lembre-se de que o ambiente não é só a natureza, e sim uma interação ente os aspectos biológicos, físicos, químicos, cultural e social, em que ocorrem mudanças entre os organismos envolvidos.  O ambiente nesta visão é considerado como um local relacional onde a presença humana aparece como um agente que pertence à teia de relações da vida social, natural e cultural. O ser humano interage com essa teia, e é completamente dependente dela.
Vamos rever os nossos hábitos, atitudes, valores e ações para como o ambiente, desta forma evitaremos a transferência de responsabilidades e soluções milagrosas para as alterações ambientais, conforme é destacado na “Matança”, do compositor Jatobá:

“...Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar..”

O Ambiente no Contexto Educacional

Publicado em: Revista Cotoxó, Jequié-BA, p. 8 - 8, 01 maio 2011.

A questão ambiental mobiliza atualmente, além do cidadão comum, diversos setores da sociedade como empresas, indústrias, governo, ONGs, escolas, partidos políticos, imprensa e outras entidades.
Carvalho (2008) destaca que, na esfera educativa, se observa a formação de consenso da necessidade do enfoque da questão ambiental em todos os níveis de ensino, em caráter transversal e interdisciplinar, na tentativa de mobilizar saberes para a formação de atitudes e sensibilidades ambientais.
O trabalho pedagógico na área educacional torna-se de extrema importância para a compreensão das questões ambientais relacionadas não apenas com os fatores naturais – natureza –, mas também com as dimensões sociais e culturais que permeiam a interação do homem com o ambiente.
De forma geral, no trabalho pedagógico com o tema ambiente torna-se constante a socialização da visão naturalista, que reduz o ambiente à natureza, sem vínculos com os demais fatores que interagem com o meio. Trabalhar com o tema ambiente vai além da visão naturalista, é necessário o enfoque das relações dinâmicas que envolvem o âmbito social, cultural, econômico, político e ecológicas.
A ação educativa deve ser voltada para uma educação ambiental cidadã, com intervenção político-pedagógica direcionada para o estabelecimento de uma sociedade de direitos e ambientalmente justa.
O processo educativo tem um papel preponderante na compreensão da relação entre homem, ambiente, sociedade, cultura e tecnologia, promovendo discussões e embates sobre a prudência no uso dos recursos naturais na sociedade contemporânea.
Surge então a necessidade da formação do o sujeito ecológico, que é um ideal de ser que condensa a utopia de uma existência ecológica plena, que busca repensar os dilemas sociais, éticos e estéticos configurados pela crise socioambiental, apontando para a possibilidade de um modo de vida socialmente justo e sustentável.
Investir na formação de indivíduos críticos e ecológicos atuantes na sociedade contemporânea significa contribuir para uma postura ética e crítica à ordem social vigente. Portanto, se torna de fundamental importância que se reflita sobre como o processo de ensino deve ser planejado em busca de tal formação.
Torna-se relevante compreender quais são os valores, as atitudes e as crenças centrais que devem constituir o sujeito ecológico e como ele deverá operar em consonância com a orientação socioambiental, para expressar seu ponto de vista considerando as características individuais e coletivas nos contextos histórico, social e cultural. Sendo assim, a proposta educativa poderia ser pautada na formação de um sujeito capaz de ler seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas existentes.

SAIBA MAIS EM:
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.

Uso dos recursos naturais

Publicado em: Revista Cotoxó, Jequié-BA, p. 8 - 8, 01 abr. 2011.

Em uma sociedade dividida por classes sociais, a interação ou a utilização dos recursos naturais se processa de forma desigual; nela, poucos gozam dos benefícios do ambiente e muitos são privados destes. Surge a necessidade de uma compreensão e intervenção sobre esta situação. Vale salientar que compreensão, mudanças e intervenções devem ser entendidas não apenas sob o ponto de vista individual, mas também como um processo coletivo, pois as questões ambientais fazem parte das relações socioculturais no contexto local e global.
Percebe-se, ao longo da história, que a relação do homem com o meio ambiente tem sido considerada como predatória e catastrófica, por muito tempo a natureza foi vista como um recurso natural a ser dominado e explorado.
A natureza sempre foi vista como um bem a ser explorado, em que o desenvolvimento econômico era e continua a ser fundamentado no uso dos recursos naturais.  Assim, a natureza foi tomada segundo a utilidade para suprir as necessidades humanas.
Na visão de Loureiro (2002), nós humanos não dominamos a natureza, mas estamos em constante interação com os seus recursos, porém, por meio das relações de produção a sociedade desenvolve a chamada ação predatória causando danos ao planeta Terra.
A ação predatória contra o ambiente gerou a degradação ambiental. As conseqüências desta degradação também são originadas de um conjunto de variáveis interconectas derivadas do capitalismo/modernidade/industrialismo/urbanização/ tecnocracia (LOUREIRO, 2002).
 Carvalho (2008) salienta que o inicio da degradação da natureza se desenvolveu a partir da saída do campo para o meio urbano. Uma das causas sobre o processo migratório do campo para a cidade residia na idéia de que as pessoas criadas na cidade eram consideradas mais cultas que aquelas que viviam nos campos.  Em tal processo, foram-se evidenciando os efeitos das alterações sobre o ambiente, causadas principalmente pelo desenvolvimento industrial; com isso, foi-se destacando o fenômeno das “novas sensibilidades[1]” com o objetivo de valorizar as paisagens naturais, das plantas e dos animais.
No referido contexto, em que se idealizou a natureza como uma reserva de bem e beleza, isso propiciou a exploração dos recursos naturais e os danos causados ao ambiente
É relevante se levar em consideração que os atores sociais que estão envolvidos e interagindo com o ambiente são representantes de grupos sociais distintos, que possuem seus ideais e objetivações sobre o meio no qual se encontram inseridos.
Segundo Carvalho (2008, p. 105) “o ambiente enquanto espaço de relações entre sociedade e natureza, tende a ser arena de competição e administração de recursos, onde o ser humano reina como sujeito de uma razão instrumental, acreditando-se senhor de si mesmo e dos destinos do planeta”.
Na sociedade contemporânea, há uma mobilização para o cuidado com a natureza fundamentada na sensibilidade ecológica, que se baseia no interesse da sociedade e dos processos naturais. Evidencia a preocupação com os limites da natureza que servem como indicadores das decisões sociais, demonstrando posicionamento contra os benefícios imediatos e utilitaristas vigentes na sociedade capitalista de acúmulo de lucros e de consumo.
 Diante do que foi abordado, é importante perguntar como satisfazer às necessidades econômicas, políticas, tecnológicas, sociais e culturais sem provocar o total colapso do meio ambiente?
Penteado (2007) considera que existem três modos de pensar sobre a ação do homem no meio ambiente: (a) a lógica humanista, com interesse no atendimento das necessidades do ser humano; (b) a lógica capitalista, voltada para o acúmulo do lucro e (c) a lógica ambientalista, que considera o conjunto de elementos da natureza inter-relacionados, com especial destaque para a vida social.

SAIBA MAIS EM:
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Teoria social e questão ambiental: pressupostos para uma práxis crítica em educação ambiental.  In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo;  LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronildo Souza (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. São Paulo: Cortez, 2002.

PENTEADO, Heloisa Dupas. Meio Ambiente e formação de professores. São Paulo: Cortez, 2007.



[1] Fenômeno estudado por Thomas (1989) como um traço cultural ligado ao ambiente social inglês do século XVIII, que enfatizava a mudança no padrão de percepção do mundo natural (CARVALHO, 2008, p. 97).

As correntes Ambientalistas

Publicado em:  Revista Cotoxó, Jequié-BA, p. 08 - 08, 01 mar. 2011.

No campo ambiental, transitam algumas correntes ambientalistas que evidenciam diferentes formas de o homem perceber e entender o ambiente, as quais são denominadas como “culto ao silvestre”, “evangelho de ecoeficiência” e “ecologismo dos pobres”.
O culto ao silvestre fundamenta-se na defesa da natureza intocada, ou seja, no culto de amor às paisagens (bosques, florestas, rios...) sem relacioná-las aos interesses materiais, e sem se contrapor diretamente ao crescimento econômico, visto que “visa preservar e manter o que resta dos espaços da natureza original situado fora da influência do mercado” (ALIER, 2007, p. 22).
O culto ao silvestre tem por proposta manter as reservas naturais livres da interferência humana e está estruturado na biologia da conservação, assumindo uma posição utilitarista na medida em que aceita a importância do conhecimento e o uso da biodiversidade (LOUREIRO et al., 2009).
O evangelho da ecoeficiência caracteriza-se pela preocupação crescente com os efeitos do crescimento econômico no âmbito da natureza. Está atento para a economia industrial, urbana e agrícola, considerando-se que tem como foco os impactos sobre o ambiente e a saúde provocados pelas atividades industriais, da urbanização e da agricultura moderna. Está pautado na defesa do crescimento econômico, conjugado ao desenvolvimento sustentável, à modernização ecológica e à utilização dos recursos naturais (ALIER, 2007).
Loureiro e colaboradores (2009) sinalizam que tanto o culto ao silvestre como o evangelho da ecoficiência são correntes ambientalistas legitimadas pela ideologia dominante.


Por mais que tenham denominações e idealizações políticas diferentes, as correntes ambientalistas do culto ao silvestre, do evangelho da ecoeficiência e do ecologismo dos pobres podem mostrar desacordos e intercruzamentos e conviver em simultaneidade.
O ecologismo dos pobres também é chamado de ecologismo popular, movimento de justiça ambiental, ecologismo do sustento, ecologismo da sobrevivência humana e ecologia da libertação. A política desta corrente é voltada para o interesse material do ambiente como fonte de condição para a subsistência. Evidencia sua preocupação com a justiça social contemporânea entre os homens e pontua o efeito nocivo do crescimento econômico, no que diz respeito ao deslocamento geográfico das fontes de recursos e das áreas de descarte dos resíduos (ALIER, 2007).
A corrente do ecologismo dos pobres tem se expandido mundialmente. Os efeitos nocivos do desenvolvimento econômico sobre o ambiente não apenas estão ligados aos remanescentes da natureza, como estão relacionados ao uso das matérias-primas e das zonas de descartes de resíduos nas áreas habitadas por populações desbastadas de condições e infraestrutura condizentes com uma habitação digna.
Segundo Loureiro e colaboradores (2009), no Brasil se encontram desigualdades e injustiças onde grupos sociais estão em situação de expropriação e subordinação, como aqueles que moram em periferias urbanas e dependem da extração e manejo de recursos naturais, e outros grupos que não sobrevivem diretamente do uso dos recursos ambientais, mas que se tronam reféns e às vezes defensores do modelo de desenvolvimento dominante.
Ainda de acordo com Loureiro e colaboradores (2009), para que o ecologismo dos pobres possa se configurar como uma luta por justiça social, é necessário que os grupos envolvidos tenham consciência de classe sobre a vulnerabilidade socioambiental, expondo os conflitos por meio de uma ação política bem estruturada.
As três correntes anteriormente citadas são representadas por atores sociais que possuem distintas formas de compreender, entender e interagir com o ambiente. Assim, pode-se dizer que o culto ao silvestre é representado por biólogos conservacionistas e organizações não governamentais. O evangelho da ecoeficiência se encontra representado por engenheiros e economistas, e o ecologismo dos pobres, por grupos sociais ligados a sindicatos, movimentos feministas, movimentos contra racismo e demais grupos que são excluídos pelo sistema econômico vigente e buscam uma mudança deste processo.
Partindo desta constatação, pode-se inferir que a discussão sobre ambiente constitui-se em um espaço de conflitos envolvem as relações de uso e apropriação material e de concorrência e dominação por formas culturais de existência.

SAIBA MAIS EM:
ALIER, J. M. O ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto, 2007.
LOUREIRO, Carlos Frederico et al. Os vários “ecologismos dos pobres” e as relações de dominação no campo ambiental. In: LOUREIRO, Carlos Frederico et al. (Orgs.). Repensar a educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009.