sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mais Uma Dose Sobre Sexualidade

Publicado em : Revista Extra, Ano 6 - Maio 2011 - nº 47
 

“Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...”

Considerando que a sexualidade é construída ao longo do desenvolvimento do sujeito, e que sofre interferência das relações sociais, podemos considerá-la com base no conceito de dispositivo histórico de Foucault (1988), em que a sexualidade faz parte da invenção social, na medida em que é constituída a partir dos variados discursos sobre o sexo, em que regulam, normatizam e elaboram conhecimentos.
Partindo deste princípio, percebemos no âmbito da sexualidade especificamente no que tange a identidade sexual e demais identidades sociais, que os contextos culturais e históricos influenciam de forma diferenciada os sujeitos.
“... Olhei tudo que aprendi
E um belo dia eu vi...”
Conforme Louro (2000) enquanto sujeitos possuímos várias identidades, como a sexual e a de gênero, a racial, a de nacionalidade e outras mais, apresentando caráter provisório, contraditório e até mesmo divergentes,  que  dependendo do valor que o sujeito empregue, muitas podem ser desprezadas e substituídas. Portanto, podemos constatar o caráter histórico e plural em tais identidades principalmente a sexual e de gênero.
“... E vem de lá!
O meu sentimento de ser
Meu coração!
Mensageiro vem me dizer...”
Você deve estar a se perguntar: Como pode ser isso? A minha identidade sexual é provisória? Não! Já tenho muito bem definido a minha orientação sexual! Note, tudo vai depender da leitura, experiência, representações, simbologias do sujeito. Realmente, pode ser difícil aceitar tais considerações, pois desde muito tempo atrás utilizamos a identidade sexual com algo absoluto que nos define e representa, tornando muito requerida no nosso cotidiano, como por exemplo, no preenchimento de formulários, fichas de contratação para emprego, nos papeis sociais e familiares, enfim, entre outras  instâncias, e tal identidade se torna a referencia mais considerada para identificar o sujeito.
“... Salve, salve a alegria
A pureza e a fantasia...”
Talvez por ser tão valorizada e requerida em muitas circunstâncias,  sujeitos sociais se colocam na posição de julgar o outro a partir da orientação ou condição sexual. O que favorece a disseminação de preconceito e intolerância aquilo que é diferente e plural. Lembrando que todos nós temos o direito de ir e vir.
Música: Masculino e Feminino
Composição : Baby Consuelo, Didi Gomes e Pepeu Gomes
LEIA MAIS:
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade, V.1: A vontade de saber. Graal ed. Rio
de Janeiro: 1988.
LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. IN: LOURO, Guacira Lopes (Org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade: Autentica: Belo Horizonte, 2000.