quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Reflexão sobre Educação Ambiental

Thais Mendes dos Santos-  Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas- UESB
Silvana do Nascimento Silva- Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia- LEBio-UESB

Texto publicado na Revista Cotoxó, Ano VII, N. XLVI,  p.6. Jan. 2014.

 A proposta deste texto é refletir sobre o papel da Educação como prática social. Desta forma, consideramos que educar ultrapassa a esfera da transmissão de conhecimentos em que não há vias de retorno para todos os envolvidos no processo educativo. A  concepção sobre educação conforme a literatura  em Educação Ambiental Crítica- EAC (Loureiro, 2006), é considerada com uma prática social, que deve estar vinculada a ações sociais e ainda, estar atrelada a capacidade de saber problematizar a realidade e estabelecer relações entre os diferentes contextos. A principal função da educação é, portanto, formar o sujeito em sua “totalidade”  a fim de torná-lo um agente ativo na transformação da sua história, levando em conta os interesses coletivos.
Partindo desta constatação, podemos inferir que a educação desempenha o papel de contribuir para que haja maior apreensão por parte dos sujeitos, acerca da importância das ações humanas para uma sociedade mais participativa e comprometida com a transformação social. Além disso, concordamos com a literatura (Guimarães, 2006; Loureiro 2006),  ao sinalizar sobre a ação educativa como de grande contribuição no processo de autonomia e emancipação humana.
No entanto, ainda de acordo com a literatura, são diversos os sentidos empregados ao conceito de Educação e também Educação Ambiental a fim de contemplar os interesses do sistema vigente na sociedade, o saber capitalista, no qual a classe dominante almeja conservar seu poder sobre a classe oprimida através da intensificação do processo de reprodução da injustiça e desigualdade social e isso se reflete nas questões educacionais.
Neste sentido, as questões ambientais passam por um processo de adequação na sociedade, onde torna-se mais viável para o sistema capitalista fomentar discussões romantizadas acerca da relação sociedade/natureza, com o intuito de alienar os sujeitos, desviando desta forma, a atenção dos verdadeiros fatores (econômico, político, cultural social. etc) envolvidos na degradação do meio ambiente.
Deste modo, Loureiro (2008), acrescenta que é necessário haver o fim da alienação para que a humanidade se torne livre e emancipada, podendo dessa forma se reaproximar da natureza. Entretanto, fazemos parte de uma sociedade marcada historicamente pela dominação de classes sociais, que a partir dos princípios capitalista é imprescindível que as relações de produção da classe trabalhadora sejam mantidas, para que não haja o rompimento desse sistema. 
Portanto é impossível levantar discussões acerca das questões ambientais, sem mencionar as injustiças sociais que estão por trás destas ações, que enquanto milhares de pessoas sofrem por conta dos efeitos da degradação do meio ambiente causados pelo uso desenfreado dos bens naturais,  a burguesia se preocupada apenas na perpetuação da lógica do capital, forjando discursos a favor da sustentabilidade e ao mesmo tempo contribuindo para a deterioração da natureza.
Consideramos que a EAC é uma forte aliada na formação da almejada sociedade ambientalmente justa. Contudo, é preciso fomentar o envolvimento dos atores sociais de forma coletiva para repensar sobre as práticas, atitudes e ações desenvolvidas por todos. Traçar metas socioambientais deve ir além da prática de reciclagem... Ações políticas eficazes devem  ser o norte de qualquer prática social. O desenvolvimento deve primar pelo equilíbrio socioambiental. Não é possível mais sustentar um sistema que ignore as leis da natureza. Apesar do Homem sapiens se tornar uma espécie social, a sua essência é natural, ou seja, é também natureza. Não podemos deixar de vista que os impactos na Terra, esse planeta com uma biodiversidade extraordinária, acarreta em prejuízos para todas as espécies, inclusive a nossa!

Leia mais:
GUIMARÃES, Mauro. Caminhos da Educação Ambiental: Da forma à ação. Campinas-SP: Papirus, 2006
LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo, et.al. Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza de. Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. São Paulo: Cortez, 2008.