quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A presença de comportamentos agressivos (Bullying) na escola

Publicado em: Revista Extra, Julho-2011.

“No silêncio do meu quarto ninguém pode ver
O tanto que palavras fazem sofrer
Por ser diferente as pessoas acham que
Podem ferir alguém como se não fosse...”

A escola é um espaço direcionado a aquisição de conhecimentos, e serve como meio de socialização do ser humano que se inicia na fase da infância, em que a criança começa a vivenciar experiências e descobrir o mundo que para ela é cheio de cores, contos, cantos, brincadeiras e curiosidades. Porém, não é sempre assim. Casos de violência escolar viraram assuntos corriqueiros, e por muitas vezes noticiados em programas televisivos.
Quem não se lembra da tragédia na escola de Realengo no Rio de Janeiro? Se não se lembra, ou não é mais assunto da mídia, com certeza a comunidade local que vivenciou toda a barbárie até hoje deve recordar de forma triste e sofrida. Esse foi apenas um exemplo de violência na escola, mas existem outros tipos, um dos quais é aquela que se destina a tipos de ‘brincadeiras’ – de extremo mau gosto- entre estudantes que funciona a partir das humilhações, insultos, intimidações e constrangimentos para como o outro, que geralmente é escolhido por ser diferente.
“...Você pode respeitar e é capaz de amar alguém que sofre em silêncio?
Você pode respeitar e pode entender que bullying fere a alma?..”
Quem nunca presenciou esse tipo de violência na escola? Realmente isso acontece a muito tempo e no mundo todo,  porém na sociedade contemporânea ela tem se intensificado e causam vários problemas de ordem psicológica, moral, física e material para aqueles que sofrem tais insultos. Estamos falando sobre o Bullying.
“...Todos diziam que era brincadeira
Enquanto eu sofria em silêncio
Por ser excluído eu me afastava sem esperar
Que pudesse explicar o que havia de errado...”
Tal termo é mundialmente conhecido, e serve para classificar comportamentos anti-sociais e puramente agressivos. Mas, o que leva o indivíduo a se tornar uma pessoa perversa e agressiva?  Alguns especialistas (CONSTANTINI, 2004; FANTE, 2005) apontam que existem várias causar, que transitam desde  a violência domestica, carência afetiva, criação sem limites e reprodução de comportamentos de afirmação de poder e autoridade presenciados em casa.
“... Seu filho pode ser a vítima
Seu filho pode ser o agressor
Mas terá chance (terá chance)...”
Percebemos que o fator criação e convívio familiar é o grande influenciador no comportamento infantil, pois a criança reproduz em certo grau aquilo que é percebido no meio em que ela interage. A formação da personalidade e caráter de uma criança é influenciado por toda e qualquer experiência que ela possa vivenciar, desde a interação no seio familiar a ideologias perpassadas nos programas e propagandas de TV, brinquedos... Cabe aos pais estarem atentos aos seus próprios comportamentos em casa, e também alertas para aquilo que a criança consome com telespectador, pois são grandes os números de desenhos infantis altamente violentos e brinquedos que estimulam a agressividade.
“... Se todos puderem respeitar e serem capazes de amar alguém que sofre
Se todos puderem respeitar e entender que bullying fere a alma
Quero saber se você é capaz de ajudar alguém assim...”
Sofrendo em Silêncio
Composição: Adriele Lima / Lélio Calhau

LEIA MAIS:

CONSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo? : prevenir e enfrentar a violência entre jovens. SP: Itália Nova editora, 2004
.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. rev. Campinas, SP: Verus editora, 2005.

A formação do sujeito ecológico no contexto escolar

Publicado em: Revista Cotoxó, julho-2011, P.6.

No contexto educacional é fundamental que se reflita sobre o processo de ensino e aprendizagem na formação do sujeito ecológico diante da crise socioambiental contemporânea. Carvalho (2008) sinaliza que nos dias atuais a formação do sujeito deve ultrapassar a prática de transmissão de conteúdo e informação, pois o ensino deve promover subsídios para posicionamentos críticos e reflexivos, em que possibilite a atuação cidadã diante dos problemas ambientais.
Torna-se relevante compreender quais são os valores, as atitudes e as crenças centrais que devem constituir o sujeito ecológico e como ele deverá operar em consonância com a orientação socioambiental, para expressar seu ponto de vista considerando as características individuais e coletivas nos contextos histórico, social e cultural. Sendo assim, a proposta educativa poderia ser pautada na formação de um sujeito capaz de ler seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas aí presentes.
A escola deve está formando cidadãos críticos, pois diante de toda repercussão sobre as causas e conseqüência dos impactos ambientais na vida e organização dos seres vivos, temos sido interpelados e convidados a participar mais efetivamente dos embates envolvidos no campo ambiental, mas para tanto precisa-se de  indivíduos com espírito de luta, sede de mudança  e compromisso para  defender um mundo sustentável em que haja responsabilidade no uso dos recursos naturais. Assim, a escola poderá contribuir neste sentido, tendo como uma de suas metas promover os primeiros passos para a constituição de sujeitos ecológicos em prol da cidadania ambiental.
A compreensão sobre cidadania deve se pautar no estabelecimento de uma sociedade democrática, considerando-se a democracia não só como um regime político, mas como uma forma de sociabilidade que se insere nos espaços sociais (BRASIL, 1997). Portanto, a cidadania também está diretamente relacionada com a participação ativa do cidadão em questões que remetem à luta a favor dos direitos sociais, igualdade social e econômica, qualidade da educação, saúde e moradia, com sua participação na gestão pública.
Mais do que nunca precisamos usar o espaço escolar como ferramenta para melhoria de uma sociedade justa e igualitária. Pois, você já parou para pensar que políticos, advogados, médicos, professores e outros representantes de demais profissões passaram por uma sala de aula? Tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos e utilizá-los na formação escolhida e no cotidiano? Então, como podemos justificar que muitos políticos e cidadãos comuns não têm compromisso e responsabilidade com o ambiente? Em que momento as reflexões ambientais foram perdidas na formação de tais indivíduos? Será que é responsabilidade só da escola a formação do sujeito ambiental? Se não é, tudo bem! Mas nós professores temos um potencial enorme em nossas mãos, a criatividade dos estudantes, e por isso devem ser motivados e considerados como instrumentos de transformação para uma sociedade mais justa.
Mesmo que o sistema nos forneça elementos que tentam nos silenciar, a nossa profissão requer energia e luta para tentarmos mudar essa realidade grotesca. Professor(a), seja o agente provedor da criatividade ambiental e dê asas responsáveis aos estudantes, assim poderão voar em busca de habitat sustentável, como diria Rubens Alves: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”. Que tipo de escola é a sua?

SAIBA MAIS EM:
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.