quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A formação do sujeito ecológico no contexto escolar

Publicado em: Revista Cotoxó, julho-2011, P.6.

No contexto educacional é fundamental que se reflita sobre o processo de ensino e aprendizagem na formação do sujeito ecológico diante da crise socioambiental contemporânea. Carvalho (2008) sinaliza que nos dias atuais a formação do sujeito deve ultrapassar a prática de transmissão de conteúdo e informação, pois o ensino deve promover subsídios para posicionamentos críticos e reflexivos, em que possibilite a atuação cidadã diante dos problemas ambientais.
Torna-se relevante compreender quais são os valores, as atitudes e as crenças centrais que devem constituir o sujeito ecológico e como ele deverá operar em consonância com a orientação socioambiental, para expressar seu ponto de vista considerando as características individuais e coletivas nos contextos histórico, social e cultural. Sendo assim, a proposta educativa poderia ser pautada na formação de um sujeito capaz de ler seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas aí presentes.
A escola deve está formando cidadãos críticos, pois diante de toda repercussão sobre as causas e conseqüência dos impactos ambientais na vida e organização dos seres vivos, temos sido interpelados e convidados a participar mais efetivamente dos embates envolvidos no campo ambiental, mas para tanto precisa-se de  indivíduos com espírito de luta, sede de mudança  e compromisso para  defender um mundo sustentável em que haja responsabilidade no uso dos recursos naturais. Assim, a escola poderá contribuir neste sentido, tendo como uma de suas metas promover os primeiros passos para a constituição de sujeitos ecológicos em prol da cidadania ambiental.
A compreensão sobre cidadania deve se pautar no estabelecimento de uma sociedade democrática, considerando-se a democracia não só como um regime político, mas como uma forma de sociabilidade que se insere nos espaços sociais (BRASIL, 1997). Portanto, a cidadania também está diretamente relacionada com a participação ativa do cidadão em questões que remetem à luta a favor dos direitos sociais, igualdade social e econômica, qualidade da educação, saúde e moradia, com sua participação na gestão pública.
Mais do que nunca precisamos usar o espaço escolar como ferramenta para melhoria de uma sociedade justa e igualitária. Pois, você já parou para pensar que políticos, advogados, médicos, professores e outros representantes de demais profissões passaram por uma sala de aula? Tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos e utilizá-los na formação escolhida e no cotidiano? Então, como podemos justificar que muitos políticos e cidadãos comuns não têm compromisso e responsabilidade com o ambiente? Em que momento as reflexões ambientais foram perdidas na formação de tais indivíduos? Será que é responsabilidade só da escola a formação do sujeito ambiental? Se não é, tudo bem! Mas nós professores temos um potencial enorme em nossas mãos, a criatividade dos estudantes, e por isso devem ser motivados e considerados como instrumentos de transformação para uma sociedade mais justa.
Mesmo que o sistema nos forneça elementos que tentam nos silenciar, a nossa profissão requer energia e luta para tentarmos mudar essa realidade grotesca. Professor(a), seja o agente provedor da criatividade ambiental e dê asas responsáveis aos estudantes, assim poderão voar em busca de habitat sustentável, como diria Rubens Alves: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”. Que tipo de escola é a sua?

SAIBA MAIS EM:
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2008.